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O Fenômeno Talibé

O Senegal sofre com o maior fenômeno de meninos em situação de rua do mundo. Mais de 50 mil crianças vivem em situação comparável à escravidão no país.

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O Fenômeno

Conhecidas como Talibés, que significa “aluno que aprende o ensino corânico”, essas crianças são recrutadas de aldeias no interior do Senegal ou até de países vizinhos pelos marabus, autoridades religiosas que exercem grande influência social. Esses meninos são entregues pelos seus pais para que possam aprender o islamismo nas Daaras e os marabus passam então a ser responsáveis por eles, bem como por sua moradia, alimentação e cuidados.

Também nomeadas como escolas corânicas, as Daaras são centros de educação da religião islâmica. Existem diferentes tipos de Daaras, mas hoje, no Senegal, a maioria delas se tornou um espaço de exploração e violência infantil.

Os meninos Talibés, além dos estudos corânicos, tem em sua rotina a obrigação de mendigar por comida e dinheiro. Essas crianças vivem em situação de extrema pobreza, sem garantia de alimentação, segurança ou saúde e, na maioria das vezes, também sofrem agressões físicas, psicológicas e até mesmo sexuais por desobedecerem ou não conseguirem a quantia de dinheiro ou alimento exigida pelo marabu.

Organizações internacionais de Direitos Humanos, como a Human Rights Watch, estimam que existam hoje cerca de 100 mil meninos Talibés, sendo 30 mil na capital senegalesa, Dakar. Segundo as Nações Unidas, esse meninos, geralmente na faixa etária de 5 a 18 anos, geram nessa mendicidade forçada cerca de US$ 8 milhões para os professores todos os anos.

É importante reforçar que a situação hoje no Senegal é crítica, mas que existem diferentes tipos de Daaras e que crianças não são exploradas em todas elas. Há, inclusive, muitos marabus que se posicionam contra esse tipo de ação, reafirmando que ela vai contra os princípios e tradições religiosas.

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“Nas Daaras acordamos cedo, por volta das 5:00 e aprendemos o Alcorão até as 7:00. Depois saímos e pedimos esmola, o marabu nos cobra a soma de 2000f por criança”.

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